segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fórum de Comunicação e Sustentabilidade - Minhas impressões

Sexta-feira, 27 de maio, Serraria Souza Pinto, 09h40: “O ser humano é a soma da complexidade do universo, é um conjunto de reações químicas. A questão da água é a questão mais importante do século XXI, ela tem que ser preservada a qualquer custo. A Terra é um planeta único, por isso precisamos mudar nossa atitude diante da natureza”

Foi com essas palavras que o físico brasileiro Marcelo Gleiser começou a se pronunciar no IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, que aconteceu em Belo Horizonte nos dias 26 e 27 de maio. O evento é promovido pela Atitude Brasil, uma empresa de comunicação social, cultural e ambiental, especializada no desenvolvimento de programas e projetos com foco nos princípios da sustentabilidade e na democratização da informação. O evento chegou a capital mineira depois de passar por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.


Por alguns instantes pensei: “O que estou fazendo aqui? Por que o discurso é sempre o mesmo? Não há nada de novo para acrescentar?”. Aquietei-me e olhei para as pessoas que estavam a minha volta. Assim como eu, elas haviam abandonado os seus a fazeres e estavam ali, para discutir ou ouvir o mais do mesma coisa. Refleti: “escutar nunca é demais”, e de certo não é.




No palco junto com Gleiser estava Felipe Andueza, que coordenou um projeto com lixos eletrônicos, Rainer Nõlvak, estoniano que idealizou o Let’s do It!, uma ação cívica com 50 mil voluntários que realizaram a limpeza da Estônia em apenas um dia e Tião Santos, o famoso catador de materiais recicláveis cujo trabalho serviu de arte para Vik Muniz e que ganhou as telonas no documentário indicado ao Oscar “Lixo Extraordinário”. Eles estavam assentados nessa ordem.



Aos poucos me envolvi com o assunto. A mesa era sobre Integridade Ecológica. Por mais repetitivo que seja, a sustentabilidade é uma das pautas da sociedade contemporânea. O que de início me causou certa antipatia, no meio já chamava a minha atenção. Gleiser enfatizou a importância da preservação através de medidas simples, um be-a-bá de atitudes que melhoram nossa relação com o meio ambiente. “É questão de conscientização. A natureza reaproveita tudo, é o maior exemplo de reciclagem. Por que não usá-la como metáfora para as nossas ações?”, questionou o físico às 500 pessoas que estavam ali presentes.



Nesse momento já estava imerso no assunto. Felipe Andueza não gastou mais que 20 minutos para falar do seu projeto. Trata-se de um blog que agrega referências e informações sobre o Lixo Eletrônico no país e que é construído colaborativamente com pessoas de diversos lugares. Uma prova de que rede, se bem usada, está a favor principalmente, das boas ações.



Rainer, Felipe, Tião e Gleiser. Palestrantes da mesa sobre Integridade Ecológica no IV Fórum de Comunicação e Sustentabilidade (Foto: Montagem com fotos extraídas da Internet)



Rainer Nõlvak e o seu Let’s do it! me mostraram que basta dizer sim. Nas palavras do empresário, “precisamos reunir as pessoas e apresentá-las um novo projeto, se transformarmos o mundo junto, tudo será uma festa”, disse. Rainer reuniu 50 mil voluntários e limpou a Estônia em 5 horas. Hoje, eles possuem um mapeamento mundial do lixo e conta com equipes em 30 países. Aliás, o Limpa Brasil 2011 acontece a partir do dia 05 de junho no Rio de Janeiro e chega pela primeira vez em Belo Horizonte, nos dias 18 e 19 do mesmo mês.



Tião Santos, presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Gramacho – lixão do Rio de Janeiro que recebe 12 mil toneladas de lixo por dia, cenário do documentário de Vik Muniz, toma a palavra. Ele começa sua reflexão falando da complexidade da palavra sustentabilidade. “Não existe sustentabilidade, onde as pessoas que movem o serviço estão localizadas nos lixões e puxando carroças, e no Brasil, são mais de 1 milhão e 200 mil pessoas”. A sabedoria das palavras de um homem que a vida se encarregou de ser a escola foi diversas vezes aplaudida pela plateia que parou para ouví-lo.



O físico, o blogueiro-ativista, o empresário e o catador de materiais recicláveis juntos para discutir um problema que é de todos: o lixo. Aquele que eu, você, a Dilma e todos os demais produzimos. Do momento fica a reflexão, o saber ouvir e a energia para batalhar em prol de um meio ambiente que começa no meu quintal. É o pensar globalmente e agir localmente. Foram aproximadamente 3 horas de uma conversa que não termina por ali – e agora eu sei o porquê da velha repetição: “o mundo é o que é porque nós não somos o que deveríamos ser”.

Um comentário:

  1. Carlos,

    O Forum tem essa função mesmo: plantar sementinhas de desejo de mudança e, quem sabe, de atitude. parabéns pelo post. Um abraço,

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